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5 coisas que você precisa saber sobre a tipografia no design gráfico

5 coisas que você precisa saber sobre a tipografia no design gráfico
26 de fevereiro de 2019 • 10h53 • atualizada 26 de fevereiro de 2019

A escolha tipográfica é considerada parte essencial do desenvolvimento de um bom projeto gráfico. No entanto, é comum muitos novatos na área sentirem um friozinho na barriga ao escolher a fonte para um projeto pela primeira vez. Pensando nisso, nós organizamos informações bacanas sobre tipografia que você deve ter em mente ao realizar sua próxima escolha, e que também podem ajudar a direcionar seus estudos e leituras para seu próximo job. Confira.

Afinal, o que é tipografia?

A palavra tipografia nasceu do grego typos, cujo significado é marca ou impressão, somada a graphein, palavra que significa escrita, em português. Inicialmente, o termo era usado para se referir à arte da impressão de tipos. No entanto, como as letras deixaram de existir no âmbito puramente impresso, a nomenclatura passou a ser utilizada para abordar o processo de estudo, criação e aplicação da grande variedade de caracteres, estilos, tamanhos e formatos, que tem por objetivo compor arranjos visuais de palavras. Assim, podemos afirmar que a tipografia se resume como a arte da composição das palavras. Bonito, né? :)

Os tipos móveis e o acesso à informação

A arte tipográfica ganhou espaço com o alemão Johannes Gutenberg, em 1450. Até então, a produção de conteúdos impressos, como livros e jornais, por exemplo, era extremamente limitada e elitizada. Os materiais da época eram produzidos artesanalmente, um a um, muitas vezes escritos e ilustrados à mão ou impressos com técnicas como a xilogravura. Portanto, era muito comum encontrar livros ou grandes bibliotecas apenas entre os membros da nobreza ou em instituições diretamente ligadas ao poder religioso, por exemplo.

No entanto, quando Gutenberg desenvolveu a prensa com tipos móveis, ele não só contribuiu para um aumento significativo do número de exemplares impressos como, consequentemente, aumentou a comercialização de livros, baixou seu valor de mercado e permitiu que uma parcela maior da população tivesse acesso à informação. Houve ainda um grande boom dos veículos noticiosos e uma maior procura pelas instituições acadêmicas.

Gutenberg à direita, em sua oficina, em gravura de 1881

Gutenberg à direita, em sua oficina, em gravura de 1881

Além da grande contribuição social, o inventor ainda deu o pontapé inicial para o desenvolvimento dos tipos móveis. Ao usar chapas de metal para esculpir letras e símbolos em relevo, Gutenberg criou um sistema no qual era possível compor palavras, linhas e, logo, grandes extensões de texto sobre a matriz, nome dado a uma grande placa na qual era possível fixar as letras e os caracteres. Depois de entintadas, as letras eram “carimbadas” sobre o papel e uma nova página era impressa.

Com a facilidade de usar os tipos móveis para montar uma grande variedade de páginas em sequência, tornou-se muito mais fácil imprimir um livro. Aliás, ainda é interessante destacar que a padronização dos caracteres e o uso da matriz também garantiu que os designs da época ficassem mais “limpos”.

Logo, a evolução do processo continuou e acompanhou as necessidades de impressões cada vez mais rápidas e em maior quantidade. O curioso é notar que o desenvolvimento da prensa incentivou também uma série de estudos e testes sobre o uso e o desenho das tipografias adequadas para a impressão - influenciando até mesmo outros processos, como a litografia. Aos poucos, o desenho dos tipos tornou-se uma área de estudos, ganhando letras com diferentes traços e características.

Compor um texto é uma arte invisível

De uma maneira geral, a tipografia é considerada uma das partes mais importantes do processo de design, uma vez que ela envolve o principal elemento do processo de comunicação impresso: as palavras. Portanto, é essencial ter em mente que a função fundamental da tipografia é ser um instrumento de design capaz de atuar na comunicação de uma ideia escrita, sem comprometê-la ou causar ruídos.

Assim, é seguro dizer que a escolha tipográfica é uma contribuição direta para o projeto que está sendo desenvolvido. O trabalho do designer torna-se então artístico, porém invisível. O profissional deve adequar-se ao tom do conteúdo e à proposta de quem o produziu, selecionando uma fonte capaz de se ater à essência do texto e que também leve em consideração as características técnicas do projeto, que às vezes são pré-definidas  - no caso, o número limite de páginas de um livro ou o espaço disponível para uma mancha textual que deve ser diagramada dentro de um tamanho pré-determinado, por exemplo.

Nesse sentido, ainda vale destacar que para o trabalho do designer ser subjetivo, é importante ter a sensibilidade para compreender como cada tipografia transmite um conceito diferente, influenciando as sensações e percepções do leitor diante do texto que está lendo, já que os traços das letras podem transmitir diferentes impressões. Uma fonte com serifa humanista, como a Centaur, tem traços que imitam o movimento da pena no papel e pode ser interessante para um livro que traz uma história em um universo medieval. Enquanto isso, um tipo moderno, como a Bodoni, pode ser interessante para um conto com características surrealistas.

Por isso, o designer não deve atentar puramente aos elementos visuais do seu projeto. Conhecer seu conteúdo e a ideia principal que o autor traz em seu texto pode ser de grande ajuda na hora de definir qual é a melhor família tipográfica para o design em questão, transformando-a em uma ferramenta fundamental, mas invisível.

Leiturabilidade e legibilidade são conceitos diferentes (mas complementares)

Ao escolher uma família tipográfica para o seu projeto, você deve levar em consideração, principalmente, se a fonte escolhida apresenta boa leiturabilidade e legibilidade. Apesar de ambas as palavras soarem parecidas, elas carregam significados diferentes, mas essenciais para um bom design.

De uma maneira concisa, a legibilidade está relacionada à facilidade com que uma letra pode ser facilmente reconhecida e diferenciada de outra. Logo, o conceito reflete a possibilidade (ou impossibilidade) de reconhecer os traços que formam um caractere. A leiturabilidade, por outro lado, relaciona-se à facilidade que o olho humano tem de reconhecer uma letra e, na sequência, movimentar-se pela linha absorvendo a mensagem que está sendo transmitida. Esse termo está diretamente relacionado ao conforto visual durante a leitura, explorando se é possível compreender ou não um determinado conteúdo depois de ler longas manchas de texto.  

Percebe como ambos os termos são bem diferentes entre si? É possível que uma tipografia tenha uma ótima legibilidade, mas pouca leiturabilidade para o projeto que você está desenvolvendo - o que pode, então, torná-la uma opção ruim para o seu design. Nesse caso, é importante estar atento para perceber se uma determinada fonte funciona em conjunto, adequando-se à sua mancha. Em algumas situações, o espaçamento entre as letras ou o seu kerning podem comprometer a leiturabilidade e, portanto, vale estar atento e certificar-se de que não é possível contornar o problema ajustando seus valores.

Conheça as classificações tipográficas e use-as ao seu favor

Atualmente, é possível encontrar uma série de famílias tipográficas disponíveis na internet. Gratuitas, pagas ou open source, a grande diversidade pode ser também um ponto negativo para os designers que estão em busca do tipo ideal. Assim, conhecer um pouquinho sobre a teoria por trás da tipografia pode ser um diferencial para que você entenda algumas convenções do design e tenha maior facilidade na hora da escolha.

Um grande preceito do design é que as fontes com serifas são consideradas uma boa escolha para compor livros ou grandes manchas de texto, já que as serifas ajudam o leitor a manter o ritmo de leitura e não sentir cansaço visual. Por outro lado, as fontes sem serifas, ou sans serif, são ótimas opções para textos na web ou aqueles que devem ser lidos em telas - nesse caso, as serifas comprometem a visualização e a boa leitura do texto.

Normalmente, as famílias tipográficas também acompanham uma grande variação de pesos, incluindo suas versões thin, light, regular, semibold, bold, extrabold e itálico. Vale atentar à quantidade de pesos que uma determinada fonte possui, já que você pode utilizá-los em seu design para hierarquizar informações. O mesmo vale para caracteres especiais. Se você terá muitos números em seu texto, certifique-se de que a fonte escolhida tem caracteres regulares e caracteres old style, além de ter frações ou demais caracteres que podem ser úteis na hora de compor o seu texto.

Aliás, é precisol ter em mente a importância do estudo sobre a composição dos caracteres, afinal, como bem diz Robert Bringhurst, um dos maiores nomes do cenário tipográfico mundial, é essencial dar atenção “especialmente aos detalhes incidentais”. Por isso, tome cuidado também com o uso dos travessões, diferentes modelos de citações que podem ser usadas nos seus textos, os recuos de parágrafos e outros inúmeros fatores técnicos intrínsecos à tipografia, como a entrelinha e a entreletra, por exemplo.

E lembre-se: acompanhar a “etiqueta tipográfica” é interessante, mas também é importante saber a hora de inovar e brincar com os tipos. Só porque deve-se privilegiar o uso de tipos com serifa em revista, por exemplo, não significa que todo o seu projeto gráfico deve levar tipos assim. Aposte em letras slab ou mesmo estilo display quando julgar necessário e coerente.

E aí, gostou do nosso apanhado sobre tipografia? Compreender a importância que as palavras têm para a transmissão de uma informação e como torná-las ainda mais atrativas é essencial para um design bem-feito e completo!

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